sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O amor correspondido





Existem muitas fórmulas, manual de regras, conselhos desesperados de quem falhou ou de quem acredita que venceu para lidar com o outro numa relação.
“Dê espaço!”, “Espaço?”, “Diga eu te amo uma vez a cada seis meses para valorizar”, “Diga eu te amo como quem respira ( “Quero que me repitas até a exaustão que me amas que me amas que me amas.”), “beije menos”, “beije mais”, “seja amigo dos amigos do outro”, “afaste todas as amizades e viva no seu oásis do amor”, “Sexo só depois de 4 encontros no mínimo!!!”, “Ainda não rolou?” “ame menos”, “ame mais”... E todas as fórmulas não evitam os erros ou os acertos improváveis de quem cometeu todos os erros da cartilha e venceu.
Mas no fim não teria tudo a ver com o amor correspondido? Com a segurança de amar e ser amado? O resto não seria vaidade, insegurança, sexo garantido no final do dia, foto no facebook, status de “ namorando” no Orkut, traumas do passado, doses de arrogância, medo da solidão?
Estamos em tempos de exposição... É um instinto que nos devora.
E, nos relacionamentos, quando a necessidade de exposição se dissipa e só o que resta é o inenarrável calor e conforto dos corpos, o súbito estreitamento do abraço do outro, o infotografável, o não–publicável, aquilo que não se pode contar na reunião de amigos, o delicioso tédio de que aqueles dias podem sim ser para sempre, a pálpebra fechada, o silêncio da tarde gorda... E saber que alguém te observa com tanto amor que é impossível não abrir os olhos e sorrir? Será que suportamos a certeza do amor? Da falta de interesse do público que inventamos? Da decadência pela rotina dos heróis que achamos que somos travando lutas históricas contra a dúvida de ser amado?
Esquecemos o súbito estreitamento do abraço do outro diante da ausência de um depoimento em algum site de relacionamento?
Mas se o que existe é só o publicável... Seria melhor seguir algum aplicável manual de regras como quem respira no saco de papel nas horas de pânico porque a plateia aguarda novas narrativas e muita falta de amor para movimentar a trama.
Será que buscamos um amor ou um consolo para o público? Porque se é o amor..
Não existiria só um segredo?
O fim da narrativa, o depois do "felizes para sempre” : a deliciosa calma do amor correspondido?

3 comentários:

  1. Você sempre consegue dizer o que quer de forma, não apenas clara, mas também contundente!!!
    Mt bom, Fabi!!!

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  2. APAIXONADA pela sua forma de escrever!Parabéns..Só senti falta de mais postagens!
    Grande beijo =)

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  3. Maravilhado com sua forma de pensar. Sempre soube que ai dentro tinha alguem que eu não conhecia, mas devia.
    Precisamos muito conversar.
    Sobre o texto, incriveis idéias.
    Maioria das vezes estamos amando o outro para ser amados.
    Amar a si mesmo não basta, alguns veem amor próprio como solidão mascarada.

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