segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O nome




"Canibais de nós mesmos antes a terra nos coma, 100 gramas, sem dramas..." (Cazuza)


Foi assim. Um momento epifânico. Se é que posso colocar nessas proporções. Estava sentada e surgiu essa verdade absoluta: eu não sei dançar tango.

Não o tango argentino. Tudo bem, também não sei dançar aquele. Mas falo de outro tango.

Falo da minha total falta de jeito e tato para lidar com dramas.

Na verdade, nunca fui dramática. Lembro de crises familiares em que todos gritavam, choravam e eu ficava no canto observando. Tentando manter uma linha racional para saber agir quando preciso.

Nem falo também de não suportar os dramáticos. Porque sempre acabo cuidando deles.
Falo de ter que ir lá, levantar, encarar o parceiro de maquiagem carregada, batom ultra vermelho, Cabelo preso, vestido com fenda grave até a virilha. Salto... E ainda: DANÇAR!
Não.

Ser dramático ou não ser dramático não é algo positivo ou negativo. É simplesmente uma natureza. Às vezes o drama bate à minha porta e eu até flerto com ele, mas sinto que não posso deixá-lo entrar. Escuto o que ele tem a dizer e me despeço. Falo que tenho amigos, mãe, pai, irmãos, namorado precisando que eu fique por perto, não posso me distrair numa dança assim, só porque você resolveu praticar aqui em casa. Fica para outro dia. Gosto de você. Mas agora não.

O dramático tem certo charme. Uma falsa profundidade de sentimentos. Que no fundo é só um vermelho mais berrante onde todo mundo tem seu tom de vermelho. O dramático preenche os espaços do discurso de alguém, como no meu caso, que não gosta muito de falar de si. O dramático acha que a sua unha encravada é o maior desastre desde Chernobyl. E, nesse caso, é muito melhor se preocupar com a unha encravada ( que eu sei que é só uma unha encravada) do que alimentar os meus dramas que forçam a porta.

Mas lidar com o dramático é sempre perigoso. Porque inevitavelmente, em qualquer descuido ele pode resolver fazer drama com você. E aí? Dá o fora! Corra! Porque este tipo de drama nem precisa bater à porta, ele te surpreende dentro da sua própria casa.

Não tenho paciência para entrar nesse tango. Não sei dançar e o ambiente é chato, forçado. Levanto-me e parto. Simples assim.

Quando a relação é daquelas que não se pode partir, apenas emudeço. Neutralizo o drama como dá porque todo drama é envolvente como um bom tango. Embaraçando pernas, olhos, mãos.

Jogando o outro para o lado com vigor e recebendo o mesmo em troca, mas ninguém nunca larga o parceiro. O triste é que invariavelmente tudo acaba em tango.

Um pouco de ironia, auto-ironia, bom-humor, leveza e um exercício diário de não cobrar das pessoas aquilo que ninguém prometeu que lhe daria ajuda muito a mudar o disco.

Quem topa sambar aí?

2 comentários:

  1. Amei, Fabi!!! O blog, a foto, o texto!!! Não sou mt de tango tb!!!! "Tanguistas", às vezes, me irritam, kkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. Bom, eu finjo q não sei dançar tango. Mas qndo a música toca, não há quem resista um bom drama e caia na dança kkkk. Mas é fato q sambo mto melhor do q danço tango. Eu aceito seu convite... vamos sambar!!!

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